Tic-tac, tictac, tic-tac, tictac, tic-tac, tictac, tic-tac, tictac, tic-tac, tictac
Tenho ideia que o tempo anda doente. Cada dia que passo sinto o seu coraçãozinho com mais arritmias, ele estica e estica e já anda lá nas 26 horas, mas qualquer dia o tempo pára... Ai pára, pára e depois teremos hinos escarlates, marchas contra o tempo nas avenidas das capitalis a pararem os relógios contadores de euros.
É que o tempo que é tempo também fica doente e qualquer dia as artérias coronárias de tão cansadas de correr contra o tempo param de bombear, com o engarrafamento e lista de espera pelo tempo. O coágulo forma-se, o oxigénio puff e zás ... estica o pernil!
Mas hoje o tempo correu devagar, tão devagar que até o vento me parecia em cãmara lenta a entrar por todos os orifícios do meu corpo. Cada avé maria, cada pai nosso entoado em vozes lamuriosas, lamacentas, arrastadas que por momentos me senti fora do mundo, fora da realidade... O tempo congelou-me.
Amén terminaram eles, os sinos tocaram e o tempo arrancou.